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Dádiva
Por: Pd. Rômulo Azevedo

Conheci Dávila no segundo semestre de 2003, no curso de jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba.
Ela estava entrando na universidade e foi minha aluna de Cinema e Telejornalismo.
Sua passagem pelo curso foi marcante notadamente na atuação politica estudantil.
De personalidade forte e temperamento sertanejo, ela filha de Coremas, sempre estava
envolvida em polêmicas na faculdade nas batalhas travadas pelo Centro Acadêmico Vladimir Herzog,
que ela fez parte da diretoria. Nesta época eu era o Chefe do Departamento e toda vem que ela entrava
em minha sala, eu pensava cá com meus botões: ” la vem confusão!” Mas era a “boa confusão” sempre
no sentido de reivindicar melhoramentos para o curso. Entre os estudantes ela era uma liderança.
Alguns anos depois, em 2010, fui seu orientador no Trabalho de Conclusão do Curso, ela fez uma
monografia sobre a Mafalda do argentino Quino(personagem muito parecido com ela)e foi aprovada com elogios.
Depois que ela saiu da faculdade nunca mais tive contato com ela. Um dia(não me lembro o ano) em uma segunda-feira
de carnaval, quando realizamos no Céu da Campina, um tradicional trabalho de apresentação do Santo Daime aos visitantes(durante o Encontro da Nova Consciência)
quando cheguei de noite na igreja para dirigir o trabalho, quem estava la? Ela! A minha pergunta foi direta: “tais perdida? tais fazendo o que aqui?” E ela respondeu: “eu é que pergunto o que o senhor ta fazendo aqui” . E eu na réplica: “eu sou o dirigente da igreja”. E ela na tréplica: “não acredito! O senhor nunca disse nada na escola”. Respondi: “ninguém nunca me perguntou”.
Achei que ela ia participar só daquele trabalho por curiosidade. Me enganei. Ela tomou gosto pela coisa e passou a frequentar os trabalhos com regularidade até o dia que se fardou, assumindo um compromisso mais sólido com a doutrina.
A presença do daime na vida dela foi tão forte e definitiva que, por influência da doutrina, fez pós-graduação em Ciências das Religiões na UFPb, defendendo brilhante dissertação sobre a presença do Santo Daime no Nordeste.
Na igreja ela exercia uma liderança no batalhão feminino, sempre presente nos trabalhos, mutirões e reuniões.
Quando viajava para conhecer as igrejas do daime(e ela esteve em muitas, sempre cativando a irmandade local com a sua presença) atuava como embaixadora do Céu da Campina.
Com voz marcante era presença necessária nos cânticos dos hinários. Ela mesma dona de um hinário onde está presente sua profunda ligação com os caboclos e orixás
Tive a grata satisfação de receber um hino ofertado por ela, presente em meu hinário “Rainha das Flores”.
Muito atuante e ligada as coisas da doutrina seu último presente para todos nos foi a organização do “Primeiro Encontro de Pesquisadores do Santo Daime” que esta sendo realizado online por causa da pandemia. Ironicamente, o dia da palestra dela seria o dia 12 de novembro dia em que ela fez a passagem.
Meu saudoso pai dizia que devíamos nos cuidar pois a vida era “cheia de presepadas”, e foi uma dessas “presepadas da vida”que levou a nossa guerreira. Um choque para todos nos e uma tristeza profunda na irmandade. Difícil acreditar e aceitar este trágico desfecho. Mas a vida é assim!
Fico imaginando a “tristeza inocente” de Lessy(a cadelinha que ela tanto amava e considerava como uma filha)com a sua ausência.
Perdemos Dávila, fica a saudade e o nó na garganta. Em compensação ganhamos uma Dádiva e essa alegria será eterna em nossos corações.
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Rômulo Azevedo
Céu da Campina

Santo Daime – PB
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 Lagoa Seca – PB
58 117 – 000 – Brasil
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Conteúdo – Milena Moreira    

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