Dia 21 de abril, sepultamos o irmão Roberto Luís de Figueiredo Castro (1960- 2020), no cemitério do Monte Santo, na cidade de Campina Grande, na Paraíba, na presença dos seus familiares, amigos, sobretudo dos seus irmãos daimistas da igreja Céu da Campina, situada cerca de 8 km desta cidade. Todos muito emocionados, porém, reservados, sem abraçar um ao outro, nos confortando à distância a perda do irmão inesquecível, em tempo de pandemia.

       Ele fez história na expansão Doutrina de Mestre Raimundo Irineu Serra e dos seguidores, Padrinho Sebastião Mota de Melo e Padrinho Alex Polari de Alverga, nesta grande região Nordeste e Meio-Norte do Brasil, muitíssimo considerada dos ayahuaqueiros, daimistas e udevistas, brasileiros e estrangeiros, por ser a terra natal dos fundadores das nossas Doutrinas Sagradas: Mestre Irineu, Daniel Pereira, Antônio Gomes, Germano Guilherme, João Pereira, João Pedro, Rita Gregório, Manuel Gregório,
Vô Corrente, José Gabriel, e outros.

       Roberto Castro, partiu repentinamente após uma parada cardíaca, terça feira passada. O mesmo, é muito conhecido dos irmãos brasileiros de outros estados que passaram pela Igreja Mãe do Daime no Nordeste, a Céu da Campina, perto de Campina Grande, dirigida pelo Padrinho Rômulo Azevedo, nos últimos vinte e seis anos, desde a sua fundação, em 11 de outubro de 1994, justo na data natalício do seu patrono,Padrinho Alex Polari, também nordestino de origem, que comandou uma caravana do Céu do Mapiá, para esse fim, com as ilustres presenças de Madrinha Júlia, Gecila, Dodô, Biná, Madrinha Sônia e diversos jovens.

       Os Figueiredo Castro, através do irmão Roberto e da sua mãe, dona Marluce, assumiram toda logística para fundar a primeira igreja do Daime no Nordeste, cedendo uma área de garagem e dois micro apartamentos, demolidos, para instalar a primeira sede do Céu da Campina, no sítio da família, o Sítio Imbaúba, em Lagoa Seca, na Paraíba.

       Daí em diante o casal Roberto Castro e Pollyana Matias, fardados no Céu do Mapiá, em 1994, já morando no Sítio Imbaúba, assumiram papéis relevantes nos primeiros anos de implantação da Doutrina do Mestre Irineu nesta região, no comando do salão das alas masculina e feminina, como anfitriões, músico e cantora, acolhendo e iniciando afetuosamente irmãos e irmãs de todo Nordeste, alguns futuros fundadores de outros centros daimistas, além da Paraíba, em Pernambuco, no Ceará, no Rio Grande do Norte.

       Posteriormente, o Céu da Campina funcionou, provisoriamente, no sítio da Irmã Mércia Xavier Batista, também localizado em Lagoa Seca e depois no Sítio Cantagalo, do casal de irmãos Expedito Júnior e Ivone Maria, antes da instalação definitiva em sítio próprio da Irmandade. Roberto e Pollyana Matias continuaram com o núcleo familiar no Sítio Imbaúba. Ainda recebendo na residência deles, durante anos e anos, uma infinidade de irmãos e irmãs daimistas, fazendo novos amigos e amigas, apurando as velhas amizades. Todos de passagem pela aprazível residência do casal, se dirigindo aos Trabalhos Espirituais na igreja oficial no sítio vizinho. E eles sempre gentis, hospitaleiros, bons palestradores, fiéis à Doutrina, repassando os seus ensinos, nos inflamando sempre maior desejo de retornar ao convívio deles.

        Roberto Castro, como pai, embora sem descendência biológica, cumpriu essa função com empenho e denodo, no cuidado da esposa, no zelo às filhas adotivas: Raisa (filha da primeira união da esposa), e Antonia Lília, acreana, integrada à família desde os seis anos, além de adotar a sogra, dona Júlia, hoje aos 103 anos de idade. Toda essa dedicação familiar sem descuidar do zelo terno aos pais, seu falecido pai Antônio Castro,
aos dois irmãos e suas duas irmãs carnais, sobretudo à querida mãe, Marluce Figueiredo, protetora, conselheira e companheira de estudos Rosa-Cruz, o passaporte esotérico de ambos ao Daime.

         O seu cortejo fúnebre seguiu silencioso e solene pela alameda de palmeiras imperiais do cemitério Monte Santo campinense. Invocamos Mestre Irineu, cantando baixinho o hino Choro Muito – Deixo Tudo Saudosamente/ Vou Viver no Meio das Flores/ Junto da Virgem Maria. No sepultamento, cantamos o hino de Padrinho Alex – Meu Irmão Que Viajou/ A Saudade Aqui Deixou/ Até o Nosso Reencontro/ No Jardim de Belas Flores. Finalmente o Pisei na Terra Fria – Do Sangue das Minhas Veias/ Eu Fiz Minha Assinatura/ O Meu Espírito Eu Entrego a Deus/ E o Meu Corpo à Sepultura.

À memória perpétua deste irmão querido, no mundo Terra e na Vida Espiritual.

Francisco A. V. da Nóbrega

“Estou aqui
E eu não estando como é
Eu penso na verdade
Me vem tudo que eu quiser
A minha Mãe me trouxe
Ela deseja me levar
Todos nós temos a certeza
Deste mundo se ausentar (…)”

Mestre Irineu